Nas minhas consultas como nutróloga, é muito comum o paciente relatar que toma muitos suplementos e manipulados, sem qualquer prescrição médica e, na maioria das vezes, sem saber exatamente para que eles servem.
E, convenhamos, tomar muitos comprimidos todos os dias não é legal, né?
Sobre o tema, cheguei a um artigo americano que trazia essa pauta, com o título: “Uso de multivitamínicos e risco de mortalidade em 3 coortes prospectivas dos EUA”, disponível em junho deste ano na revista JAMA. Como o próprio título traz, ele avaliou coortes americanas. Para contextualizá-los, esses estudos são observacionais, não sendo, portanto, os ideais para responderem questionamentos científicos, mas a partir deles é possível surgirem ideias que devem ser investigadas posteriormente com estudos controlados.
Em sua elaboração, foram usados dados de 3 estudos de coortes prospectivos nos EUA, com um grupo populacional de 390.124 adultos e acompanhamento por até 27 anos.
E por que a importância desse estudo? Porque lá nos EUA, um a cada três adultos usa multivitamínicos com a motivação primária de prevenção de doenças.
Com métodos de estatística, tentando ‘regularizar’ as populações – visto que eram três coortes diferentes -, concluiu-se que os
polivitamínicos não agregavam benefícios para longevidade; pelo contrário: acrescentavam 4% de risco na mortalidade.
Reforço: com esse estudo, não é possível responder a uma pergunta, mas, sim, gerar outros questionamentos. Além disso, ele também teve limitações, como fatores de confusão que não foram bem definidos (ou seja, que podem confundir e consequentemente alterar a interpretação dos resultados, (i) como assistência médica, (ii) o fato dele ter focado apenas em avaliar uso diário versus não uso, quando também se tem a possibilidade de uso esporádico, (iii) o viés de seleção, considerando que aqueles que não responderam ao questionário inicial não foram incluídos na análise.
Finalizo o texto com mais questionamentos que respostas: vale a pena investir em polivitamínicos não indicados? será que por
serem vitaminas, são isentos de risco? esse dinheiro não poderia ir pra algo que realmente vale a pena? se sou saudável, sem comorbidades, minha alimentação não é suficiente? por que eu não invisto mais em frutas e verduras que são verdadeiramente seguras?
Vem que eu te ajudo e te mostro o que realmente você precisa, otimizando sua rotina e seus gastos!
Fonte: Loftfield E, O’Connell CP, Abnet CC, Graubard BI, Liao LM, Freeman LEB, Hofmann JN, Freedman ND, Sinha R. Multivitamin Use and Mortality Risk in 3 Prospective US Cohorts. JAMA Netw Open. 2024 Jun; 7(6): e2418729.